Pesquisadores apresentam as vantagens das plantas de cobertura para o sistema soja-milho-algodão

​O uso de plantas de cobertura no sistema soja-milho-algodão pode representar uma economia de até US$ 200 por hectare para o produtor nos custos de fertilizantes e no manejo do solo das lavouras de algodão

31.08.2017 | 20:59 (UTC -3)
Edna Santos

O uso de plantas de cobertura no sistema soja-milho-algodão pode representar uma economia de até US$ 200 por hectare para o produtor nos custos de fertilizantes e no manejo do solo das lavouras de algodão. Apesar da vantagem financeira, estima-se que apenas 30% dos cotonicultores do Brasil adotam a prática. Os benefícios das plantas de cobertura foram tema de minicurso no 11º Congresso Brasileiro do Algodão, que está sendo realizado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), com apoio científico da Embrapa, de 29 de agosto a 1º de setembro, em Maceió (AL).

As plantas de cobertura de várias espécies estão na base do sistema de plantio direto e também podem entrar na rotação de culturas. Um dos modelos mais utilizados pelos produtores é o uso concomitante do capim com o milho, depois da soja ser colhida e antes do algodão ser plantado. A palhada remanescente após a colheita do milho serve de base para o plantio do algodão. Os especialistas explicam que a matéria orgânica é incorporada ao solo, reduzindo a necessidade de introdução de nutrientes, como o nitrogênio, além das raízes ajudarem a melhorar o perfil do solo.

A proteção do solo contra a erosão e o impacto das gotas de água, bem como o controle de plantas daninhas são destacados pelo pesquisador da Embrapa Algodão, Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira. “Durante o crescimento das plantas de cobertura, elas competem com as plantas invasoras. Possuem também o chamado efeito alelopático, produzindo substância químicas desfavoráveis ao desenvolvimento das plantas daninhas”, afirma. A camada de matéria orgânica sobre a qual é cultivado o algodoeiro forma uma barreira física que protege o algodoeiro de doenças como o mofo branco.

O pesquisador explica que as plantas de cobertura também são aliadas no manejo de pragas polífagas, que atacam tanto o algodão quanto o milho e a soja, do mofo branco e de nematoides. “Algumas plantas de cobertura vem a colaborar com o sistema soja-milho-algodão, diminuindo esses problemas e auxiliando no manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas. Tudo isso acaba contribuindo para reduzir o uso de defensivos”, diz.

As plantas de cobertura têm ainda a capacidade de absorver nutrientes que a soja o milho e o algodão não conseguem absorver. “Como as plantas de cobertura se desenvolvem num período de maior deficiência hídrica (período de março a junho), as raízes tendem a se aprofundar para buscar água e as raízes absorvem nutrientes, acumulam na matéria seca e depois quando se desseca e planta algodão, soja ou milho, essas culturas podem utilizar o nitrogênio da palha residual”, observa.

O pesquisador da Embrapa Algodão, Júlio Bogiani, abordou estratégias para produção de biomassa com foco em garantir a estabilidade de produção. “As braquiárias tanto solteiras quanto em consórcio, as crotalárias e o guandu têm um papel importante, são plantas que mostram bastante resultado para a estabilidade de produção e são importantes para a sustentabilidade do cultivo do algodoeiro em longo prazo”, destaca.

Entre as razões para a prática não ser plenamente utilizada estão os custos com sementes das plantas de cobertura, que chegam a US$ 100 por hectare. “Basta matemática simples para comprovar as vantagens da técnica, que promove uma economia de US$ 300 por hectare com insumos e manejo do solo”, afirma o consultor Eleusio Curvelo, coordenador científico do 11º CBA, ressaltando que nos Estados Unidos, o plantio direto na palha é amplamente utilizado há mais de 20 anos.

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