Plano de controle biológico para Mato Grosso do Sul é finalizado

Equipe que trabalhou o documento propõe ações emergenciais contra pragas e doenças na agricultura e pecuária que podem ser minimizadas pelo controle biológico

08.12.2016 | 21:59 (UTC -3)
Eliana Cezar Silveira

Após três meses de intensas reuniões a equipe formada por representantes de sete entidades finalizaram e entregaram ao Secretario de Produção e Agricultura Familiar (SEPAF), Fernando Mendes Lamas, o documento de 25 páginas, mais anexos, com propostas e metas a serem atingidas a curto, médio e longo prazo.

As de curto prazo devem levar de um a dois anos e consta de mapear as tecnologias disponíveis no MS e em outros estados para o controle biológico das principais pragas que afetam a produção de alimentos, bioenergia e fibras; estabelecer parcerias, criar biofábricas para produção dos agentes de controle biológico; treinar mão-de-obra e estabelecer programas de pesquisa e de ensino para promoção de programas de formação de recursos humanos e de projetos de pesquisa em controle biológico de interesse das diferentes cadeias do agronegócio do MS.

O coordenador do Comitê, professor Ruy Caldas, da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), conta que o trabalho de mapear os problemas onde o controle biológico pode contribuir foi minucioso e que agora espera sair da bancada e chegar ao campo o mais rápido possível. Atuar no Plano, diz o professor, foi uma realização pessoal e profissional.

Além de mapear os problemas o Plano teve por objetivo diagnosticar impactos de pragas e doenças na economia do Estado e na rentabilidade das diferentes cadeias do agronegócio que comprometem a produtividade, a saúde humana e animal e atingem de forma negativa o ambiente. Outros objetivos contemplam o documento como o de elaborar planos anuais de investimento em tecnologias de controle biológico; propor parcerias público-privado visando criar bases de produção agropecuária sustentável; propor políticas publicas de controle biológico para produção agropecuária e agroindustrial sustentável; fomentar a formação de recursos humanos em áreas estratégicas para a capacidade local de desenvolvimento de tecnologias de controle biológico dentre outras.

O documento foi bem recebido pelos 13 representantes de entidades presentes no gabinete do secretário da SEPAF, Fernando Lamas, que agradeceu ao Comitê o resultado final classificando o Plano como altamente significativo para MS. "Temos sérios problemas e precisamos modificar o modelo atual de agricultura diminuindo o uso de agroquímicos. O caminho é o controle biológico, ferramenta de fundamental importância para mudar nossa agropecuária. Agora é transformar o plano em projetos", declara.Segundo o secretário a prioridade do estado são as culturas de milho, soja, cana de açúcar, pastagens e floresta. "Temos tecnologias disponíveis para o produtor utilizar e embasamentos de forma organizada. Precisamos priorizar e fazer com que o agricultor utilize as informações e as incorpore no seu sistema de produção", disse o secretário que acredita que já na próxima safra muitas ações deverão ser fundamentadas no controle biológico.

Tecnologias da Embrapa devem contribuir na redução do uso de químicos

Para a chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Gado de Corte, Lucimara Chiari, incluir o tema pecuária no Plano foi significativo. "A Embrapa tem muito a contribuir com o Estado de MS", disse, citando o problema da mosca-dos-estábulos. Os pesquisadores da Embrapa buscam uma solução que atualmente repercute negativamente em duas grandes cadeias: a sucroalcooleira e na pecuária leiteira e de corte, estas últimas com perdas de produção que chega a 20% de produtividade durante os surtos. "A Embrapa está à frente nas pesquisas de combate à mosca-dos-estábulos incluindo estudos de controle biológico, além disso, a empresa deve contribuir em várias outras frentes com tecnologias que visam, principalmente, diminuir o uso de defensivo", revela Chiari.

O custo anual de produtos para saúde animal na pecuária de corte é estimado em R$ 35,3 milhões, o que representa 0,45% do faturamento bruto. A estimativa de perda causada pelas doenças e pelos ecto e endo parasitas pode variar de 1% a 5% da produção o que equivale a R$ 390,9 milhões.
Além da mosca-dos-estábulos a pecuária amarga prejuízos causados pela mosca-dos-chifres e por carrapatos. Com a mosca-dos-chifres estima-se uma perda de receita em MS na ordem de R$160 milhões por ano e os prejuízos causados pelo carrapato de R$ 660 milhões por ano ou 4,5 milhões de arroba de boi.

As instituições participantes do trabalho foram: Embrapa Gado de Corte e Agropecuária Oeste, Fundação-MS, Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul) e Secretaria de Estado de Produção e Agricultura Familiar (SEPAF).


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