Projeto para melhorar sistemas de produção no cerrado piauiense

Liderado pelo pesquisador Henrique Antunes, que é doutor em fertilidade do solo e nutrição de plantas, o estudo vai avaliar os efeitos da adoção de sistemas integrados de produção

16.01.2020 | 20:59 (UTC -3)
Fernando Sinimbu​

A ciência quer contribuir para mudar o perfil dos sistemas de produção de grãos adotados hoje no cerrado do Piauí. O projeto da Embrapa Meio-Norte, aprovado este mês pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Piauí (FAPEPI), com orçamento de R$ 100 mil e duração de três anos, vai contribuir, principalmente, com indicações de potenciais plantas de cobertura na entressafra.

Liderado pelo pesquisador Henrique Antunes, que é doutor em fertilidade do solo e nutrição de plantas, o estudo vai avaliar os efeitos da adoção de sistemas integrados de produção, as características físicas, químicas e biológicas do solo, além da emissão de gases de efeito estufa,  estado nutricional e produtividade grãos e forrageiras.

É meta do projeto, segundo Antunes, obter a emissão de óxido nitroso de cinco componentes de sistema silviagrícola em uma safra e indicar pelo menos uma planta de cobertura do solo que “venha melhorar as características do solo”.  O estudo foca também na indicação de um método de adubação de culturas, bem como na obtenção de um balanço de nutrientes de duas safras de culturas de grãos, “considerando o manejo de adubação sistêmica”.

As pesquisas serão conduzidas nos municípios de Bom Jesus, Uruçuí e Teresina. Oito pesquisadores tarimbados da Embrapa vão trabalhar no projeto. Apoiarão as atividades dois bolsistas, dois pesquisadores da Universidade Federal do Piauí (UFPI), um da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e um do Instituto Federal de Educação (IFPI).

Extenso e produtivo

Estudos indicam que os solos do cerrado do Piauí têm baixa fertilidade, “com grande parte das áreas apresentando textura arenosa”. Segundo os mesmos estudos, a agricultura em solos arenosos traz alguns problemas, como “menor capacidade de armazenamento de água e disponibilidade de nutrientes”, além de ser vulneráveis a processos erosivos.

Segundo maior bioma do Brasil, o Cerrado é encontrado nos estados de Goiás, Tocantins, Maranhão, Piauí, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Distrito Federal, cobrindo uma área de 2 milhões de quilômetros quadrados, o que corresponde a 204 milhões de hectares. É quase um quarto de toda a extensão territorial do país, abrigando 11.627 espécies de plantas nativas e já catalogadas.

No Piauí, uma pesquisa da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais  (Cepro) revela que a área de cerrado no Estado é de 11,5 milhões de hectares, em 28 municípios nas regiões Norte e Sul. Há pelo menos 20 anos, com a chegada de agricultores do Rio Grande do Sul e do Paraná, o Cerado piauiense vem se destacando como o grande produtor de grãos no Estado, com destaque para soja e milho, que têm produção e produtividades crescentes ano após ano. Nos últimos dois anos, a produção de soja alcançou, em média, 2,5 milhões de toneladas. A de milho foi em média de 1, 80 milhão de toneladas.

 

 


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