Reduzir o tamanho das armadilhas de monitoramento de psilídeo prejudica o controle de greening

Pelo contrário, junto com a diminuição do tamanho da armadilha vem a redução da eficiência no monitoramento do inseto

19.04.2017 | 20:59 (UTC -3)
Fundecitrus

Engana-se quem pensa que reduzir pela metade o tamanho das armadilhas adesivas amarelas de monitoramento de psilídeo ajuda a economizar no manejo de HLB (huanglongbing ou greening). Pelo contrário, junto com a diminuição do tamanho da armadilha vem a redução da eficiência no monitoramento do inseto, o que abre espaço para que ele entre no pomar e transmita a bactéria para as plantas antes que as medidas de controle sejam adotadas. Após observar a frequência dessa prática no campo, o Fundecitrus realizou um experimento para avaliar o seu impacto.

O estudo mostra que a redução de 50% do tamanho das armadilhas representa uma queda de 43% de cartões com a presença do inseto e essas ainda capturam apenas metade de psilídeos se comparadas com as de tamanho original. Para chegar nesse resultado foram selecionadas 40 plantas em cada uma das regiões de Avaré, Araraquara, Bebedouro, Casa Branca e Lins, que são monitoradas pelo sistema de Alerta Fitossanitário do Fundecitrus. Em cada árvore foram instaladas duas armadilhas, uma com o tamanho original (30x10 cm) e outra cortada pela metade (15x10 cm). Em 20 plantas, as armadilhas foram instaladas a 20 centímetros uma da outra e nas demais a um metro de distância.

Após 15 dias da instalação, período indicado para a troca das armadilhas, foi verificado o número de psilídeos capturados em cada uma e a proporção de armadilhas com a presença do inseto. A cada 100 armadilhas, 58 originais capturaram psilídeo, enquanto apenas 33 das cortadas pela metade registraram presença do inseto. Entre as armadilhas instaladas a 20 centímetros, as cortadas capturaram, em média, 50,5% menos psilídeos do que os cartões de tamanho original.

Quando as armadilhas distanciavam um metro, capturaram, em média, 44,5% menos psilídeos do que as armadilhas inteiras. De acordo com o engenheiro agrô- nomo do Fundecitrus Ivaldo Sala, esses dados mostram que a prática de cortar a armadilha é altamente prejudicial ao controle de HLB, pois o psilídeo contaminado pode chegar ao pomar, mas sua presença não é detectada pela baixa eficiência dos cartões que estão pela metade.

“Pensando em um manejo baseado na presença de psilídeo, ou seja, aplicar defensivos quando há captura do inseto, a não detecção leva à falta de controle no momento que deveria ser feito. Portanto, não é recomendado que as armadilhas sejam cortadas e utilizadas pela metade”, afirma. O pesquisador Renato Beozzo Bassanezi ressalta que a tentativa de economia ao cortar as armadilhas pode sair mais cara do que barata. “É uma tentativa de diminuir os gastos que vai prejudicar o controle de HLB e permitir que as árvores sejam contaminadas, os futuros prejuízos com a perda de produção das plantas afetadas pela doença serão maiores do que a economia que o citricultor pretende usando apenas parte da armadilha”, diz o pesquisador.

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