Reunião da ISO Internacional debate estudo brasileiro sobre exposição a agroquímicos

Programa IAC-Quepia leva novo método para regulagem de uma cabine especial que mede a qualidade de vestimentas protetivas ante agroquímicos

27.11.2019 | 20:59 (UTC -3)
Fernanda Campos

Uma cabine de testes adaptada por cientistas, com objetivo de simular aplicações de defensivos agrícolas, estará no centro de um encontro global que ocorre no dia 2 de dezembro próximo, em Bruxelas, a capital belga. A reunião extraordinária, convocada pela ISO Internacional, terá foco na atualização da norma ISO 17.491-4, com ênfase na exposição do trabalho rural a produtos químicos em países agrícolas e nos padrões de segurança de vestimentas protetivas empregadas a campo.

O pesquisador científico Hamilton Ramos, do Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA-IAC), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, sediado na cidade de Jundiaí, participa do encontro como membro do Comitê da ISO Internacional. Ele levará ao grupo de cientistas um novo método, desenvolvido no Brasil, para aprimorar a regulagem da cabine de testes sobre aplicações de agroquímicos, uma ferramenta de estudos empregada nos principais países agrícolas.

“Em parceria com outros países, encontramos meios para avaliar com mais precisão a possibilidade de penetração de produtos resultante de uma aplicação de agroquímico na vestimenta protetiva do trabalhador”, resume Ramos. O pesquisador é o coordenador do programa IAC-Quepia de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura, uma iniciativa que une o setor privado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP.

Segundo Ramos, a reunião de Bruxelas deverá resultar ainda na produção de um novo texto, específico para modificar a atual norma ISO 17.491-4. O texto final, acrescenta ele, será apreciado em novo encontro da ISO internacional marcado para a cidade francesa de Lyon, no primeiro trimestre de 2020.

“A meta inicial é discutir para a cabine de testes os protocolos de calibração sugeridos pelo Brasil, Japão e Luxemburgo”, diz Ramos. “As especificações atuais para os testes, conforme investigamos, não transferem segurança absoluta ao resultado das análises de laboratório. Há dúvidas ainda quanto à precisão de ensaios que medem a quantidade de calda que penetra numa vestimenta durante a pulverização, em função da qualidade dos tecidos, das costuras ou da modelagem desses produtos.”

Criado há 13 anos, por meio de uma parceria entre o setor privado e o Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA-IAC), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP, o Quepia teve peso decisivo para reduzir, no Brasil, a reprovação de vestimentas protetivas submetidas a certificações de qualidade. Esse índice, que era de 80% no ano de 2006, caiu para 20% no ano passado.

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