Startups francesas conhecem cenário de inovação no agro brasileiro

A programação da comitiva no Brasil segue até esta segunda, dia 1º de julho

01.07.2019 | 20:59 (UTC -3)
Graziella Galinari​

Uma delegação de startups francesas, dedicadas ao setor de tecnologia para a agropecuária, esteve em visita ao Brasil, nesta semana, para conhecer o mercado nacional. O grupo, formado por sete startups, foi recebido na Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP) no dia 25 de junho, onde apresentou as áreas de atuação e interagiu com especialistas da Empresa. A programação da comitiva no Brasil segue até o dia 1º de julho e inclui ainda visitas a propriedades rurais, produtores de sementes, hubs de inovação em Piracicaba (SP) e Cuiabá (MT) e um dia de encontro de negócios, em São Paulo.

As empresas foram selecionadas dentro do programa AgriNEST, promovido pelo escritório brasileiro da Business France, agência internacional vinculada ao governo da França, que visa apoiar o desenvolvimento e a internacionalização das startups. O interesse principal, segundo a diretora do Departamento de Agronegócios do Business France Brasil, Claire Meignié, não é exportar um produto ou tecnologia, mas desenvolver algo em conjunto e projetar a França como um parceiro do setor agrícola brasileiro, compartilhando as experiências e o know-how do país europeu.

“A agricultura é um pilar econômico tão importante na França como é no Brasil”, afirma Meignié ressalvando as diferenças naturais entre os dois países. “Muitos produtos alimentícios franceses, que são referência no mundo, têm por trás uma base agrícola muito forte”, completa. Ela acrescenta ainda que o país possui também um ecossistema de startups AgTech consolidado, contabilizando em torno de 500 empresas em expansão, com tecnologias validadas e capacidade de comercialização.

A Embrapa foi escolhida como porta de entrada para apresentar às startups uma visão ampla da agricultura brasileira. Segundo Claire Meignié, há também a possibilidade de realizar trabalhos conjuntos em pesquisa, desenvolvimento e inovação, inclusive por meio de programas de cooperação técnica. Ela destaca que as startups francesas vão precisar se apoiar em pesquisas e dados gerados no Brasil e ferramentas como a plataforma AgroAPI Embrapa podem contribuir para isso.

A delegação foi recebida na Embrapa Informática Agropecuária pela chefe-geral, Silvia Massruhá, e pelo chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento, Stanley Oliveira, que apresentou as linhas de pesquisa e tecnologias da Unidade. Também participaram do encontro com as startups francesas a chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agrobiologia (Seropédica/RJ), Ana Garofolo, e o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna/SP), Luciano Nass.

Para o ecossistema de inovação aberta, avalia Silvia Massruhá, é fundamental a interação e o intercambio de informação entre instituições públicas e privadas, tanto no âmbito nacional quanto internacional. “Nesta aproximação com as startups francesas pudemos perceber vários pontos de convergência e o quanto podemos agregar valor e gerar benefícios tanto para o agro brasileiro quanto francês”, afirma.

A seleção das startups contou com a participação de especialistas do Brasil, que ajudaram a identificar tecnologias com potencial para serem adaptadas à realidade brasileira. As soluções desenvolvidas pelas empresas francesas contemplam tecnologias para bioestimulantes e biocontroles, encapsulação de bioinsumos, gestão do controle de daninhas utilizando câmera hiperespectral e deep learning, solução integradora para dispositivos da agricultura de precisão, softwares para gestão da propriedade e rastreabilidade e plataforma para integração de soluções de big data.

Stanley Oliveira avalia que as tecnologias apresentadas pelas startups francesas são muito bem planejadas e focadas em áreas estratégicas da agricultura, como por exemplo agricultura de precisão - voltada para redução de custos, gestão de propriedades e monitoramento de safras - redes sociais para compartilhamento de boas práticas, integração de dados gerados por sensores, satélites, equipamentos e drones, entre outras. "Uma das razões pelas quais as tecnologias apresentadas têm um alto nível tecnológico é porque o governo francês incentiva a criação de startups por especialistas que já têm boa experiência na geração de produtos para o setor produtivo, resultando em empresas com maior chance de sucesso", destaca.

Além de apresentarem seus trabalhos, durante a visita as startups também participaram de rodadas de conversa com pesquisadores e analistas da Embrapa. De acordo com a diretora do Business France Brasil, a ideia é realizar novos ciclos do programa a cada dois ou três anos ou mesmo intercalar com edições voltadas também para startups FoodTech, que atuam no desenvolvimento de tecnologias inovadoras para o setor de alimentação.

 


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