Stoller lança inoculante com duas bactérias para coinoculação de soja

A união das bactérias de Azospirillum e Bradyrhizobium em um mesmo produto facilita o manuseio, a aplicação, o fortalecimento e a produtividade

17.09.2020 | 20:59 (UTC -3)
Élcio Ramos

Em pesquisa realizada em 2020 pela Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes (ANPII) – foi apontado um aumento expressivo da coinoculação nas lavouras de soja, saltando de 15% para 25% na última safra. Os dados mostram a procura do produtor por maior desempenho e simplificação da rotina nos momentos de maior tensão, principalmente no plantio e na colheita. Há também o desafio de levar o conhecimento da tecnologia para outros 75% dos agricultores brasileiros que, também segundo a pesquisa, podem com baixo investimento, aumentar, na média, em 16% a produtividade optando pela coinoculação na lavoura de soja.

Stoller do Brasil nos últimos anos identificou essa necessidade por meio de ações de consulta junto aos seus clientes, inserindo o desafio no planejamento de P&D da empresa. Desde então preparou-se para lançar o primeiro inoculante no mundo com os benefícios da sinergia entre as cepas das bactérias Azospirillum brasilense e Bradyrhizobium japonicum.  “Descobrimos numa etapa inicial da pesquisa, que a união entre as bactérias não é restrita apenas quando estão em contato com a planta de soja. Acontece também, e de maneira muito significativa, dentro de uma formulação correta, possibilitando assim nascimento de uma nova categoria de inoculante”, explica Stela Cato, diretora de P&D da Stoller.

Com o registro recentemente aprovado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a tecnologia tomou forma, batizada como MASTERfix L Dual Force. Recentemente, houve o lançamento técnico para os colaboradores da empresa e também o início de uma parceria com 40 distribuidores para a seleção de mais de 200 agricultores espalhados pelo país. O objetivo dessa ação é a possibilidade de os produtores vivenciarem os benefícios do novo inoculante, tornando-se embaixadores do produto. “Essa demonstração do potencial faz parte de um processo que visa o lançamento comercial do MASTERfix L Dual Force, previsto para o início de 2021. Queremos a sua aplicabilidade em larga escala na próxima safra de soja”, explica Tiago Gontijo, diretor de negócios da Stoller do Brasil.

As pesquisas de P&D da Stoller apontaram que, quando comparada à inoculação tradicional, apenas com Bradyrhizobium spp., a utilização de MASTERfix L Dual Force proporciona um incremento médio de 3,9 sc ha-1, com frequência positiva de 84% em 19 diferentes localidades. Quando o comparativo foi em relação à coinoculação tradicional (por meio do fornecimento de dois diferentes inoculantes, sendo um à base de Bradyrhizobium spp. e outro à base de A. brasilense), o incremento foi de + 2,4 sc ha-1, com 79% de frequência positiva em 14 diferentes locais.

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O projeto teve início em 2015 e passou por diferentes fases, a começar nas entrevistas com clientes, chegando no desenvolvimento da formulação e validação agronômica com diversos estudos em laboratório, casa-de-vegetação e no campo. Os ensaios foram instalados em diferentes regiões e ambientes, por várias safras, e conduzidos por diversos pesquisadores, sempre buscando a comprovação da performance agronômica. Para isso, foram feitas parcerias com instituições de pesquisa como a Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), a Universidade Estadual de Maringá (UEM), o Instituto Federal Goiano (IF) e a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA). O processo de registro MASTERfix L Dual Force estendeu-se por 3 anos, período relativamente longo quando comparado aos inoculantes comuns. Isso ocorreu por tratar-se de uma formulação totalmente inovadora. Todas as cepas de bactérias utilizadas são validadas pelas instituições credenciadas para uso no Brasil não havendo outro inoculante no mercado com a mesma combinação de cepas.

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A vantagem operacional do MASTERfix L Dual Force tem alguns pontos fortes que devem ser levados em conta. “Temos a facilitação da logística de armazenagem e transporte, seja nos canais de distribuição ou na fazenda propondo um único produto. A aplicação também é muito beneficiada por isso, zerando os erros de dosagens de cada tipo de bactéria, aumentando a eficiência e velocidade na operação de tratamento das sementes”, analisa Stela.

Portanto, uma coinoculação mais eficiente com a sinergia na formulação do MASTERfix L Dual Force contribui para o desenvolvimento de ambas as bactérias, tornando-as fisiologicamente mais ativas e com maior resistência a estresses, garantindo a maximização do processo de Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN). As bactérias do gênero Bradyrhizobium são capazes de suprir toda a necessidade de Nitrogênio exigida pela cultura, descartando a necessidade de utilização dos fertilizantes nitrogenados de origem mineral. Já a espécie Azospirillum. brasilense é uma bactéria benéfica de vida livre, que tem a capacidade de fixar e tem como principal modo de ação potencializar o desenvolvimento das plantas por meio de múltiplos mecanismos, dentre eles a produção de diversas moléculas promotoras do crescimento vegetal. Na presença de Azospirillum ocorre maior e mais rápido desenvolvimento do sistema radicular, principalmente de pelos radiculares, os quais são caracterizados como o principal local de infecção pelo Bradyrhizobium spp. Desta forma, a presença de Azospirillum favorece o estabelecimento da nodulação, de forma mais precoce e com maior número de nódulos, o que proporcionará elevada taxa de fixação de nitrogênio, com reflexo significativo na produtividade de soja.

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Para Solon Araujo, consultor técnico da ANPII, a recente pesquisa realizada pela associação apontou que o uso da coinoculação é uma das tecnologias presente na lavoura de soja com maior rentabilidade ao produtor. Dentre os entrevistados, o aumento foi em torno de 16% (240 kg/ha).

"Esse raciocínio mostra um vasto campo para crescimento da coinoculação e a possibilidade de um acréscimo de 6.105.000 toneladas de grãos sem alterar a área de plantio no país. Se levarmos em conta o baixo investimento com o inoculante e o atual preço da soja, é possível dimensionar o enorme ganho para o setor, a geração de riquezas, além de importantes aspectos de sustentabilidade que a adoção da técnica possibilita”, explica.

Ainda segundo Solon, os dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER-PR) em mais de 40 trabalhos em lavouras dão uma consistência enorme no aumento da produtividade, sendo altamente sustentável tanto na relação de sua aplicabilidade para o agricultor quanto a sua presença no meio ambiente. No Brasil são 37 milhões de hectares plantados de soja do país. 80% são inoculados, deste montante, 25% optaram pela coinoculação já na safra passada, restando 7.400.000 semeados sem o insumo em suas lavouras.

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