Tecnologia contribui na gestão rural

Uso da agricultura digital aumenta profissionalização no campo com diagnósticos precisos para tomadas de decisões

16.08.2018 | 20:59 (UTC -3)
Rejane Costa

A adoção da tecnologia no campo, como o uso de GPS e ferramentas para agricultura de precisão, vem registrando aumento em diversas regiões brasileiras, mas a proporção ainda é desigual. O grande desafio neste momento é inserir toda esta inovação tecnológica na gestão rural. Trata-se de trabalhar a propriedade como uma empresa gerida por números, cooperando com o produtor no avanço de seu trabalho seja na agricultura ou na pecuária.  É importante entender os diferentes benefícios de cada ferramenta existente no mercado e buscar as mais adequadas para a realidade das fazendas, tornando-as fazendas inteligentes (smart farms).

Hoje, nos principais pólos do país há uma evolução desigual conforme as características de cada um. No Centro Oeste, já estão inseridas máquinas modernas e em alguns casos de excelente uso. No estado do Mato Grosso existem grandes grupos com tecnologia de ponta. No Sul do país, tem polos, por exemplo, como o interior do Rio Grande do Sul e do Paraná, onde há  uma disseminação um pouco maior da tecnologia entre os médios produtores. Já na região de São Paulo, a indústria de cana tem uma penetração grande também de máquinas. De acordo com o presidente da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão e diretor da empresa Falker, Marcio Albuquerque, mesmo dentro de uma mesma região ocorrem desigualdades na utilização destas ferramentas. “Às vezes visitamos uma propriedade com alta tecnologia e o vizinho de cerca ainda não utiliza as novas ferramentas”, coloca. 

Albuquerque afirma que o produtor deve entender, porém, que a tecnologia não faz milagre, é ferramenta para a gestão. Salienta, por exemplo, que todas as ferramentas para a agricultura de precisão auxiliam o produtor a conhecer as variações  existentes dentro da sua área, para que as melhores decisões possam ser tomadas com a melhor utilização dos recursos disponíveis. “É fundamental entender o potencial da tecnologia que está sendo empregada e adotá-la como ferramenta de gestão. Por exemplo, já existem inúmeras colheitadeiras no mercado com a possibilidade de gerar mapas de colheitas. Entre as principais marcas vendidas nos últimos anos, muitas têm essa ferramenta embarcada, mas ainda há a necessidade de treinamento dos seus operadores”, observa.

A Falker, uma empresa já consolidada no mercado brasileiro e com exportações principalmente para a América do Sul, desenvolve e fornece tecnologia com a preocupação em ajudar o produtor a tomar suas decisões. Albuquerque explica que a empresa trabalha com toda a parte de software para análise de dados, mas é importante o produtor estar próximo. “Hoje existe tecnologia que não necessariamente precisa ter alguém externo para fazer a agricultura de precisão. A Falker tem toda uma gama de soluções para mapear o solo, a fazenda e ajudar o produtor com treinamentos e capacitação para  começar esse processo”, ressalta.

Segundo Albuquerque, uma das questões bastante trabalhadas se referem aos medidores de compactação do solo, porque muitas vezes o problema está enterrado e ao medir a área e obter um diagnóstico, o produtor poderá realizar ações para minimizar o problema. Destaca que há uma revolução gradativa acontecendo no campo com todo esse processo de novas tecnologias. “É a mesma  revolução que aconteceu em décadas passadas em outros setores. Por exemplo, hoje numa empresa se fala em uma gestão baseada em dados, sistemas de qualidade com indicadores de como está  o andamento de uma determinada  atividade dentro da indústria. Portanto, essas ferramentas permitem que também os produtores rurais busquem o mesmo nível de profissionalização, sabendo onde está perdendo produtividade para que possa se ajustar para as safras seguintes”, salienta.

Albuquerque lembra que o produtor começa a ouvir falar em agricultura digital, agricultura 4.0. Coloca que estes são nomes adotados para um processo de 'digitalização da agricultura', quando os dados, disponíveis em formato digital em equipamentos e softwares, passam a ter cada vez mais importância. “A base da agricultura, obviamente, continuará sendo no campo, mas o uso de dados em conjunto da agricultura de precisão,  meteorologia, irrigação e preços, ajuda o produtor a tomar as melhores decisões", completa.


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