Tecnologias da Embrapa são reconhecidas como boas práticas de combate ao desperdício de alimentos

​Filmes biodegradáveis, embalagens anatômicas para frutas, revestimento à base de nanopartículas de quitosana e a classificadora vertical compacta são algumas das tecnologias

12.11.2018 | 21:59 (UTC -3)
Gustavo Porpino ​

Filmes biodegradáveisembalagens anatômicas para frutas, revestimento à base de nanopartículas de quitosana e a classificadora vertical compacta são algumas tecnologias da Embrapa e parceiros que contribuem com a redução das perdas pós-colheita de alimentos diversos. O reconhecimento destas ações como Boas Práticas no combate ao desperdício de alimentos agora é oficial. Tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Instrumentação (São Carlos, SP), Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ) e parceiros foram premiadas pelo Ministério do Meio Ambiente no Seminário Boas Práticas de Combate ao Desperdício de Alimentos, realizado na sexta (9) em Brasília (DF).

Quinze boas práticas foram selecionadas dentre as 59 inscritas na Chamada Pública que o MMA lançou no início de outubro. Foram escolhidas três iniciativas para cada categoria (produção, pós-colheita, processamento, comercialização e consumo). Outra tecnologia da Embrapa apresentada no Seminário de Boas Práticas foi o Jardim Filtrante. A implementação do pequeno lago com pedras, areia e plantas aquáticas para tratamento de água usada em pias e chuveiros em comunidades rurais de Barbalha (CE) ajudou a equipe Enactus da Universidade Federal do Cariri (UFCA) a receber o reconhecimento do MMA pelo projeto “Bio Mais”, que introduz tecnologias sociais de fácil implementação na região do Cariri para incrementar a produção orgânica de hortaliças.

“Conhecemos o Jardim Filtrante na página da Embrapa na internet, baixamos um manual e resolvemos implementar em comunidades rurais de Barbalha atendidas pelo projeto”, conta a estudante de engenharia civil Heloisa Avila Leite, uma das líderes da equipe Enactus da UFCA. “Também instalamos um biodigestor para produção de biogás com esterco bovino e um minhocário. Estas tecnologias simples geram mais renda para  famílias em situação de vulnerabilidade social, incrementam a produção de hortaliças e ainda contribuem para uma dieta mais saudável”, salienta Heloisa.

Iniciativas premiadas

A proposta “Embrapa utiliza tecnologia e conhecimento para combate às perdas pós-colheita em frutas e hortaliças”, que relata uma série de iniciativas da Embrapa Instrumentação e parceiros relacionadas à redução das perdas pós-colheita de frutas e hortaliças, ganhou o primeiro lugar na categoria pós-colheita. O pesquisador Marcos David Ferreira, da Embrapa Instrumentação, apresentou as tecnologias no Seminário e enfatizou também o trabalho conduzido pela Unidade e parceiros para formar difusores de tecnologia pós-colheita. O IV Curso de Tecnologia Pós-colheita será realizado pela Embrapa Instrumentação de 26 a 30 de agosto de  2019.

O projeto “Desenvolvimento de Tecnologias Pós-Colheita para Redução de Perdas ao longo da Cadeia: filmes biodegradáveis e embalagens anatômicas”, submetido pela Embrapa Agroindústria de Alimentos, ficou em terceiro lugar na categoria pós-colheita. A iniciativa “Ações de Comunicação para Educação sobre Desperdício de Alimentos: o caso das escolas municipais”, liderada pela Embrapa Agroindústria de Alimentos, também foi reconhecida como uma boa prática pelo MMA.

Saiba mais sobre outras iniciativas premiadas pelo MMA.

Para Antonio Gomes Soares, pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, as tecnologias de embalagens desenvolvidas são casos concretos de inovação por que têm sido absorvidas pelo setor produtivo e gerado impactos positivos. As películas biodegradáveis aplicadas em cocos verdes, por exemplo, possibilitaram a produtores de Petrolina (PE) exportarem seis containeres com 11 mil cocos cada entre junho e agosto deste ano por via marítima para Portugal. “Esta tecnologia possibilita exportar por valor 25% superior e ainda reduz o custo do frete por prolongar a conservação dos frutos e possibilitar o transporte marítimo, que é mais econômico”, comenta.

Segundo a secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do MMA, Rejane Pieratti, o evento reuniu, pela primeira vez, experiências que podem ser replicadas por todo o Brasil. “Recebemos cases maravilhosos, mostrando que tem muita ação boa acontecendo no país com essa pegada sustentável para evitar o desperdício”, destacou.

O Seminário fez parte da programação da primeira Semana Nacional de Conscientização sobre Perdas e Desperdício de Alimentos. Os organizadores da iniciativa, que envolveu além do MMA, a Embrapa, MDS, MAPA, WWF Brasil, Ceasa-DF, entre outros parceiros, almejam ampliar a ação para o próximo ano. “A expectativa é ampliarmos o alcance da Semana nas próximas edições”, avalia Rejane.

E-book aborda desperdício de alimentos

Durante o Seminário no MMA, o professor Marcelo Zaro, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, apresentou o livro “Desperdício de alimentos: velhos hábitos, novos desafios”. “É o primeiro livro que trata especificamente de desperdício de alimentos no Brasil. Os  capítulos abordam as diferentes dimensões do problema e também políticas públicas e outras iniciativas para o enfrentamento. Teremos, em breve, o lançamento da edição impressa”, destaca Zaro. 

Clique aqui para baixar gratuitamente a publicação “Desperdício de alimentos: velhos hábitos, novos desafios”, que conta com capítulos publicados por pesquisadores da Embrapa.


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